Nações Unidas, 10 dez (EFE).- A igualdade de gênero, sobretudo na tomada de decisões nas esferas familiar, de trabalho e política, é essencial para um maior desenvolvimento e bem-estar das crianças no mundo todo, disse hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O estudo, intitulado "O estado das crianças do mundo 2007", foi apresentado hoje na sede central da ONU em Nova York.
Segundo o relatório, a eliminação da discriminação por razões de gênero não é apenas um imperativo moral, como também algo crucial para o progresso humano e o desenvolvimento sustentável, e produz "um duplo dividendo", pois beneficia tanto as mulheres como as crianças.
"A igualdade de gênero e o bem-estar da infância são intrinsecamente ligados. Quando as mulheres têm o poder de liderar suas vidas plenamente e de forma produtiva, as crianças e suas famílias prosperam", disse Ann Veneman, diretora-executiva do Unicef.
Segundo o Unicef, na região da América Latina e do Caribe uma de cada 160 mulheres corre risco de morrer ao dar à luz, comparado com o nível de uma de cada 4.000 mulheres nos países ricos.
Por outro lado, na África Subsaariana uma de cada quinze mulheres está sujeita a esse risco.
O relatório também aponta que apenas a metade das mulheres participa das decisões familiares em dez dos 30 países em desenvolvimento analisados no estudo.
Em Burkina Fasso, Mali e Nigéria, quase 75% das mulheres entrevistadas dizem que são seus maridos que tomam as decisões sobre questões de saúde e dinheiro. No Sul da Ásia, esse nível é de 41%.
O Unicef afirma que se as mulheres tivessem o mesmo nível de influência nas decisões em suas famílias, haveria 13,4 milhões de crianças subnutridas a menos no Sul da Ásia, e 1,7 milhão a menos na África Subsaariana.
Uma educação igualitária na infância para homens e mulheres também é crucial para o desenvolvimento das crianças, segundo o relatório.
O índice de alfabetização das mulheres adultas em comparação com o dos homens é de 99% na América Latina, de 77% no Oriente Médio e no Norte da África e de 63% na África Central e Ocidental.
As crianças com mães que não foram escolarizadas têm pelo menos duas vezes mais chances de não completar a escola primária do que aquelas com mães que não tiveram acesso à educação básica.
Nos países em desenvolvimento uma de cada cinco meninas não termina a educação primária, e apenas 43% entram para o ensino médio.
As condições de trabalho das mulheres, que representam 40% da população economicamente ativa do mundo, também se refletem no bem-estar de seus filhos.
Nos países industrializados, a renda das mulheres representa 57% da dos homens, enquanto na África Subsaariana essa taxa é de 51%; na América Latina, de 40%, e no Sul da Ásia, de 39%.
O mesmo fenômeno acontece com a propriedade das terras. O Unicef concentra-se no caso da América Latina, onde as mulheres são proprietárias na minoria dos casos.
No Brasil, por exemplo, 11% das terras pertencem a mulheres e 89% a homens.
O estudo aponta que, em países como Argentina, Rússia e Ruanda, foram as mulheres parlamentares que promoveram legislações em favor da saúde e da educação infantil.
Em julho de 2006, as mulheres representavam 17% do total de parlamentares em nível mundial. Diante desse quadro, o Unicef sustenta só em 2068 deve existir uma igualdade de gênero no âmbito político.
O Unicef recomenda o estabelecimento de cotas para a participação da mulher na política, pois já foi demonstrado que, dos 20 países com mais mulheres em seus Parlamentos, 17 adotam esse sistema. EFE
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